Por uma cultura de tolerância e paz

          No dia 2 de outubro comemoramos o “Dia Internacional da Não Violência”. Esta data, criada em homenagem ao pacifista Mahatma Gandhi, tem o propósito de incentivar a educação pela paz, respeitando sempre os direitos humanos. A violência está presente em todas as camadas sociais, destruindo vidas e comunidades, provocando mortes e inúmeros prejuízos para a humanidade.

          Numa época turbulenta como a que vivemos, a violência manifesta-se de muitas maneiras, desde as consequências destrutivas do meio ambiente até à devastação causada por conflitos armados, passando pela indignidade da pobreza à violação dos direitos humanos ou os efeitos brutais do discurso de ódio. Tanto no online como no off-line, ouvimos um discurso detestável contra as minorias e aqueles que são classificados como os “outros”.

          A intolerância que presenciamos atualmente no Brasil e no mundo nos desafia a buscar novos caminhos. Somos desafiados a criar espaços comunitários de convivência e a implementação de políticas públicas sérias e eficientes que atendam às necessidades básicas de toda a população, sobretudo as categorias mais vulneráveis. No que se refere aos espaços de convivência comunitária, vale destacar a belíssima experiência embrionária na comunidade da Violeira através da parceria entre as igrejas presbiteriana e católica.

          Diante deste contexto de intolerância, não podemos ficar inertes e acomodados. Devemos lutar por uma cultura de tolerância e de paz. A tolerância é a harmonia na diferença. Não é criar uniformidade, mas promover a unidade na diversidade. A tolerância é uma virtude que contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz. Importante destacar que a educação é o meio mais eficaz de prevenir a intolerância. Porém, não basta fornecer educação para todos para se alcançar a tolerância e paz. A educação deve ser implantada em conjunto com outras medidas imprescindíveis: promover o desenvolvimento econômico e social sustentável; garantir o respeito a todos os direitos humanos; promover a igualdade entre mulheres e homens; incentivar a participação democrática; despertar a compreensão, a tolerância e a solidariedade; apoiar a comunicação participativa e a livre circulação de informação e conhecimento. Cultura de paz exige, portanto, mudança de paradigmas. É tempo de mudança para que juntos possamos reinventar uma nova forma de viver que nos traga a paz.

          Uma vez que neste mês comemoramos o “Dia da Criança”, não nos esqueçamos de que é preciso educar nossas crianças para a convivência em sociedade no regime democrático. É necessário resgatar a história política do Brasil nas escolas para que as crianças saibam que tudo foi construído com muito sacrifício de pessoas corajosas que enfrentaram os regimes ditatoriais. É importante preservar a verdadeira história. Não é possível avançar sem resgatar a verdade. Cada criança brasileira deve se sentir parte de uma grande nação que ainda está em construção com a participação e colaboração de todos, para que tenham um futuro decente e sem violência.

          Em síntese, para que a Cultura de tolerância e de paz aconteça verdadeiramente é essencial a participação de todos. Acredito que podemos ensinar a paz, não obstante aos crescentes números de intolerância e violência. Gandhi destacava constantemente a diferença entre o que fazemos e o que somos capazes de fazer. Se não podemos fazer tudo, devemos fazer tudo o que for possível para promovermos uma cultura de paz. Esse é o grande desafio do nosso tempo e a melhor herança que poderemos deixar às futuras gerações.

Pe. José Afonso de Lemos

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