No dia 10 de maio foi publicada a carta apostólica em forma de motu próprio “Antiquum Ministerium” (Ministério Antigo), que estabelece formalmente o Ministério de Catequista. Esse documento nasce após anos de trabalho. São Paulo VI já tinha exprimido o desejo de que a função de Catequista se tornasse um verdadeiro ministério. O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, indicava sua preocupação com o reconhecimento do serviço que os catequistas prestam à Igreja. No ano de 2013, em discurso no “Ano da Fé”, Francisco expressava a ideia central desse ministério: “Ser catequista! Não trabalhar como catequista“. Em 2018, já surgia o termo “ministério” na fala do Papa, ao afirmar que “a vossa vocação de ser catequista assuma cada vez mais uma forma de serviço desempenhado na comunidade cristã e que exige ser reconhecido como um verdadeiro e genuíno ministério da Igreja, do qual temos particularmente necessidade“. Já em 2021, o Papa Francisco foi efusivo ao pedir obediência ao Concílio: “Ou estás com a Igreja e por isso segues o Concílio, e se não seguires o Concílio ou o interpretares à tua maneira, como quiseres, não estás com a Igreja“. Esse itinerário do Papa Francisco que se iniciou no ano de 2013, culminou no motu proprio, documento cuja forma representa um desejo próprio do Pontífice para o bem da Igreja.
O “Antiquum Ministerium” reafirma a importância da participação dos catequistas na Igreja. Estes são responsáveis em “tocar o coração e a mente de tantas pessoas que estão à espera de encontrar Cristo”. A atuação dos leigos na missão evangelizadora é descrita pelo Papa Francisco com citações das Cartas de São Paulo aos Coríntios e do Evangelho de São Lucas. Através de Paulo, relembra-se aqueles que foram chamados de “mestres” (1Cor 12, 28-31). Na citação de Lucas (Lc 1, 3-4), o Pontífice destaca que “o evangelista parece bem ciente de estar a fornecer, com os seus escritos, uma forma específica de ensinamento que permite dar solidez e vigor a quantos já receberam o Batismo”.
Em uma rica orientação, o Papa Francisco destaca os documentos que devem ser conhecidos pelos catequistas: “o Catecismo da Igreja Católica, a Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, o Diretório Catequístico Geral, o Diretório Geral da Catequese, o recente Diretório da Catequese, juntamente com inúmeros Catecismos nacionais, regionais e diocesanos são expressão do valor central da obra catequética, que coloca em primeiro plano a instrução e a formação permanente dos crentes“.
Ao instituir o Ministério de Catequista o Papa Francisco direciona para o melhor caminho a ser trilhado pelos fiéis leigos que aceitam e exercem a missão evangelizadora enquanto catequistas. Os requisitos fundamentais para este ministério são elencados pelo motu proprio: “homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para serem solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese. O Papa pede que os catequistas estejam “disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico“, reafirmando sua preocupação com os que vivem nas periferias.
Instituir um ministério, por parte da Igreja, na realidade equivale a estabelecer que a pessoa investida daquele carisma realiza um autêntico serviço eclesial à comunidade. Que o Ministério de Catequista recaia sobre nossas lideranças, não como privilégio, mas como lembrança do serviço que reflete a missão evangelizadora. Orientados e inspirados pelo Papa Francisco, sejam catequistas com a palavra e com a vida.
Neste mês dedicado às diversas vocações, aproveito a oportunidade para agradecer aos catequistas pelo belíssimo trabalho realizado em nossa paróquia, sobretudo neste tempo de pandemia.
Pe. José Afonso de Lemos