Silvestre

Igreja Matriz São Silvestre – Comunidade Silvestre

           A história de nosso bairro, era contada pelos saudosos moradores; dentre estes a dona Geralda Alves da Silva, professora leiga e alfabetizadora de maioria dos moradores daqui, nos anos 50 e 60. Muito comunicativa, inteligente e curiosa, tinha um grande orgulho de contar os “causos” da comunidade.

           Quando nossa comunidade ainda não tinha nome que hoje tem, se chamava “Fazenda Tomé” no local que hoje é a Fazendinha. Seu Tomé era praticamente dono de toda terra que circundava sua fazenda.

           Bem ali também existia uma fábrica de tecidos e assim seus proprietários adquiriam umas casinhas que foram sendo ocupadas por funcionários da fábrica. Então veio um senhor para ser o contador da fábrica, chamado Antônio Silvestre, era uma pessoa “letrada” como se dizia, quando alguém tinha uma instrução mais elevada. Sr. Antônio se tornou popular e famoso por sua capacidade intelectual. Toda comunidade ia procura-lo por vários motivos. Escrever cartas aos familiares que moravam longe; também era procurado para preencher notas promissórias (o que era comum na época) era como um compromisso firmado entre o devedor e o credor. Todos diziam: “vou lá no Silvestre”; foi assim que ao dizer “vou no Silvestre” as pessoas entendiam que era a localidade que tinha esse nome. Desta forma nos tornamos “Silvestrenses”.

           Aqui só tinha a rua principal e suas vendinhas, a luz era muito ruim. Usava-se lamparinas. Tínhamos uma pequena capela em frente à Escola Estadual Alice Loureiro e a padroeira era Nossa Senhora Aparecida. Até que um dia um morador daqui muitos anos depois foi a Europa (Portugal ou Roma) não lembro e lá encontrou a imagem de São Silvestre, não se sabe se a Arquidiocese de Mariana oficializou ou registrou, não se falava mais “Fazenda do Tomé” mas Silvestre.

           Com o passar dos anos a fábrica abriu falência. Foi através de um Jornal de grande circulação do Rio de Janeiro o anuncio do leilão de uma fazenda com terras a perder de vista, uma queda d’água (nossa cachoeira) tinha um alambique, engenho onde se fazia a rapadura, um moinho d’água. Então a família Lustosa arrematou tudo e aqui se instalou. Essa falência da fábrica tornou nosso lugar uma comunidade morta. 

           Nossa comunidade pertencia a Paróquia Santa Rita de Cássia. Um grupo de pessoas liderados pelo Fernando Vaz de Melo, a dona Gegê, João de Dolfo, Zé Pinheiro, Silvestre Brustoline, Tonhão, dona Anita, entre tantos outros queriam a independência da Paróquia de Santa Rita. O movimento cresceu, entretanto o padre Carlos dos Reis Baeta Braga não deu muito apreço, talvez por excesso de zelo para conosco. Ele dizia ao Zé Pinheiro: “Vocês acham que é fácil ser paróquia? Padre que vier pra cá vai passar fome”. Seus argumentos não fizeram ninguém desistir e assim há exatamente 25 anos, passamos à Paróquia São Silvestre. Foi muita emoção! Antes porém padre Carlos havia cogitado a importância de aumentar a capelinha.

           O terreno foi doado pelo Misael Lustosa e seus familiares, pois o terreno da capela era de um valor maior que o terreno onde se encontra nossa igreja. A comunidade abraçou a causa e aos trancos e barrancos, erguemos nossa Igreja.

           Projeto do professor Marcondes, que era apaixonado pela obra. Além dele outros tiveram também papel preponderante na obra. Vale citar: Ailton da Mundial, Paulo Santana, Décio Couto, Gentil da madeireira Viçosa, Rubens e vários doadores. Gentil foi doador de uma parte dos moveis como os bancos. Depois foi crescendo a comunidade e a paróquia teve uma ajuda de abnegadas senhoras tais como Irinéia, Auxiliadora, Ana Maria e várias outras que se empenharam na construção do Centro Pastoral dona Gegê. 25 anos de uma Paróquia construída com amor, suor e fé.

Padroeiro – São Silvestre